9 - A COVID-19 fechou a escola, como ensino?

Sugestões pragmáticas para passagem de contingência do ensino presencial para online

A pandemia em curso do Corona vírus levou à suspensão das atividades letivas presenciais em todo o país, com recomendações aos professores para substituírem as aulas por aprendizagens através de meios online.

Existe muita informação disponível online, sobre ferramentas e plataformas. Contudo, para quem tem de passar a lecionar online de um dia para o outro, provavelmente não há tempo, nem estrutura administrativa e até autoconfiança para aprender a adotar modelos pedagógicos completos.

Assim, considerando a heterogeneidade do público-alvo, a necessidade de apoio rápido e pragmático e tendo presente as dificuldades de organização administrativa, aqui se deixam algumas sugestões de contingência:

1. As aulas teóricas em vídeo são eficazes?
Poucos alunos aprenderão alguma coisa se transmitirmos uma aula expositiva longa. Mesmo com uma capacidade expositiva fenomenal, e apesar de os alunos terem de ser responsáveis, sabemos que as aulas expositivas são eficazes no enquadramento e na preparação do ponto de vista dos alunos para o estudo posterior, mas nem todos estarão o tempo todo com toda a atenção.
As aulas "teóricas" eficazes não são expositivas, mas antes: diversificadas, enquadradoras, propiciadoras de exemplos; apoiam a autorreflexão e a organização do trabalho de estudo e promovem o debate, para dar aos alunos forma de desenvolver ligações cognitivas entre o que sabem e as interpretações que desenvolvem, e os conhecimentos e perspetivas que o docente quer que sejam atingidas.

2. Como usar uma plataforma online para organizar o estudo e a interação dos alunos?
A primeira coisa a fazer é produzir uma lista com os contactos de e-mail dos alunos. Se não tiverem sido produzidos pela escola, a maioria dos alunos terá um criado para usar o telemóvel, pelo que contactar as famílias telefonicamente poderá permitir identificá-los. É necessário explicar aos alunos como aceder aos seus e-mails num computador pessoal, por exemplo, pois muitos só o terão feito (se tanto) no telemóvel. Essa explicação deve ser enviada por mensagem de texto para o telemóvel. Com essa lista de contactos, passa a ser possível enviar instruções por e-mail aos alunos para acesso ao espaço das aulas.
Em vez de gravar ou transmitir aulas teóricas, o docente deve criar um espaço online, pode ser no Moodle da escola, no Blackboard, no Canvas ou no sistema LMS que tiverem à disposição. Se não houver nenhum, o docente pode criar um espaço online em muitas plataformas colaborativas disponíveis ou até combinar um blogue com uma unidade partilhada na cloud, seja na portuguesa MEO Cloud, seja nas internacionais OneDrive, Google Drive, Dropbox ou outras.
Mas o professor não se pode limitar a anunciar que está disponível para tirar dúvidas. Cabe ao docente perturbar as "águas do pensamento", para que as dúvidas possam emergir. O debate, deve ser orientado e alicerçado em, objetivos concretos. A título exemplificativo, considere-se a sequência: "Cada aluno deve analisar um vídeo difernente do YouTube, à luz dos aspetos x, y, z da matéria"; "Partilhem aqui o resultado que vos deu quando usaram a ferramenta XPTO em..."; "Devem debater estes casos/exemplos/dilemas segundo os princípios de..."; "Como podemos combinar os princípios de Fulano com os de Sicrano, quando são contraditórios neste caso...?";

3. Como organizar o estudo dos alunos?
Devem indicar-se, cada semana, quais são as páginas relevantes do livro/Manual, quais os textos, os vídeos online, a documentação técnica e a referência a outros materiais que os alunos podem usar para estudar.
Deve indicar-se aos alunos objetivamente qual é o objetivo de estudo em cada material, referindo o que é que se pretende que seja atingido em cada leitura/visualização/análise.
Não limitar a informação a "estude estas páginas e aquelas". O aluno irá lê-las sem saber se o objetivo é decorar factos ou extrair alguma reflexão. Deve explicar-se que o objetivo é que os alunos percebam se conseguem chegar às resoluções ou soluções através do estudo.
Nisto devem incluir-se algumas atividades formativas. Exercícios tradicionais simples, com soluções, problemas para analisar com resolução.

4. Como fazer o acompanhamento dos alunos para evitar situações de isolamento?
Devem ser definidas atividades de debate e reflexão sobre a matéria entre toda a turma e não apenas criados "Espaços de dúvidas".
Mesmo com indicações, os alunos podem sentir-se desmotivados para estudar ou não estar realmente a sentir que avançam no estudo. Os alunos que realmente precisam da intervenção do docente provavelmente não apresentam dúvidas. Mas, por vezes, não é possível adotar um relacionamento de um para um com turmas maiores. Por isso, é preciso que os próprios alunos entrem em debate entre eles - ou com o professor, mas em grupo, como numa aula.

Não basta disponibilizar conteúdos e atividades e aguardar as dúvidas, pois isso só apoiará a pequena fatia de alunos muito dedicados. E mesmo esses não estão a ter o apoio devido, porque com mais presença do professor chegariam mais longe.
Lembre-se de garantir a sua presença na disciplina online.
Com acesso a um Moodle ou outra plataforma LMS, podem criar-se fóruns para cada tópico. Nesse fórum, podem indicar-se quais os aspetos-chave que requerem debate e não apenas conteúdos que sejam lineares da leitura. Devem colocar-se, por exemplo, casos reais interessantes para análise, dilemas teóricos, exercícios, problemas ou casos que não sejam de resolução simples, que levem muitos alunos a pedir ajuda aos colegas e ao docente.
Se não tiver tido acesso a um LMS e estiver apenas a usar um blogue, pode criar regularmente posts de debate para que os alunos os comentem.

5. Que cuidados devemos ter na utilização de vídeos produzidos pelo próprio professor?
Se o professor decidir pela utilização de vídeo próprio, este deve ser curto e enquadrador/motivador, não expositivo.
Os alunos gostam de vídeos. É uma forma de linguagem comunicacional que lhes agrada, desde que sejam bem feitos. E quando a linguagem agrada, isso contribui para a motivação. A investigação empírica diz-nos que os vídeos têm taxas de visualização muito diferenciadas, entre quem os vê na íntegra e quem só vê alguns minutos.
Por isso, os vídeos mais eficazes são para efeitos muito específicos e devem:
•    De vez em quando, mostrar o rosto ou usar a voz do professor, para os alunos sentirem a presença do seu professor.
•    Ter uma duração curta (3-5 minutos, no máximo 6 ou 7) para dar a perspetiva sobre a matéria que vai ser estudada, para orientar o estudo, para motivar.
•    Para orientar os alunos, deve-se indicar vídeos já divulgados na internet, aos quais se reconheça qualidade.

6. Que fazer ao verificar que há alunos que não estão a participar regularmente?
Se os alunos não estiverem a participar, o professor deverá ir ao fórum ou local de debate e intervir, colocando algum incentivo. Pode ser só encorajamento e disponibilidade, de início, mas pode também ser um exemplo do que se pretende ou uma partilha de novidade interessante.

7. Como garantir a intervenção regular?
O professor deve falar com os alunos e não para os alunos, pois na
continuidade da intervenção regular, deve referir-se que não basta perguntar "Então, ninguém tem dúvidas?".  Os alunos têm de sentir que vale a pena intervir, que ganham com isso no que aprendem e no que o professor os esclarece.
Ao incentivar devemos mostrar exemplos do que pode ser um problema ou dúvida que aparece ao estudar e que faria perder muito tempo, mas em minutos pode ser resolvida pelos colegas ou pelo professor, se a situação for exposta.
Ao responder aos alunos, não se deve tentar responder a cada um, mas antes agrupar várias respostas que tenham algo em comum e fazer uma resposta global, como se numa aula presencial tivessem falado vários alunos e depois o docente interviesse para consolidar o debate.

8. Deve recorrer-se aos momentos síncronos?
Os alunos não estão de férias e, por isso, há possibilidade de agendar sessões síncronas e ter efetivamente presenças nas mesmas, seja por videoconferência seja por chat. Contudo, os alunos podem não ter acesso a internet rápida ou fiável o suficiente para videoconferência, especialmente por ter aumentado tremendamente o uso deste recurso. Além disso, podem só ter Internet móvel, com dados limitados, que se esgotarão ao fim de poucas horas de videoconferência. Finalmente, podem estar a partilhar um único computador pessoal em casa, que tem de ser gerido por pais e irmãos. Por este motivo, a videoconferência deve ser limitada a momentos curtos para encorajamento e apoio humano: não para matéria.

9. Como usar um espaço comunitário para evitar sentimentos de isolamento?
Hoje em dia os alunos não estão em frente de um computador a toda a hora, mas estão com muita frequência com telemóveis. Por isso, ter um espaço de chat com notificações móveis é uma solução boa para quebrar sentimentos de isolamento. Pode usar-se, por exemplo, o WhatsApp, que que permite aos alunos ter o conforto de saberem que o que escrevem é imediatamente recebido pela turma. Pode complementar-se isto com espaços de publicação e partilha de documentos ou outros materiais, como um wiki, um fórum do Moodle, uma pasta partilhada na cloud, ou até um mundo virtual 3D, conforme a disponibilidade, ambição e perspetiva. Mas sem esquecer de ver primeiro com a turma se todos têm condições de acesso aos meios que o docente escolher.

10. Como equilibrar a dinâmica de trabalho com o aluno e a turma?
Tirar dúvidas ao vivo só para aspetos pessoais ou urgentes, não como atalho.
Se um aluno sentir que, para ter resposta, basta colocar uma pergunta no WhatsApp, Skype, Zoom, etc., passará a usar sempre esse canal. Só que há mais alunos além desse! Se a dúvida não tiver dimensões pessoais ou outras que recomendem a privacidade, o mais correto é o compromisso de presteza ocorrer nesse momento síncrono, mas ser feito no espaço online partilhado, em benefício de todos. Por ex.: "Coloque essa dúvida no fórum deste tema, que eu comprometo-me a responder-lhe na próxima meia hora - na próxima hora - até ao fim do dia".
Desta maneira, o aluno tem o conforto de saber que tem resposta eficaz e garantida, que o professor está presente, mas a dúvida é exposta a todos, gerando dinâmica na disciplina e incentivando outros alunos a exporem também as suas dúvidas.
Se o caso em apreço recomendar uma resolução imediata da dúvida, então que se resolva de imediato. Nesses casos, deve-se colocar ao aluno o compromisso de partilha com a turma. É importante que seja o aluno a fazer essa partilha, se possível, por ser um contributo para uma dinâmica entre pares (alunos) não apenas uma dinâmica magistral do professor.

11. Onde posso obter mais informação sobre o ensino online e inovar?
Existe uma imensidade de trabalhos sobre como ensinar online. Estas sugestões são apenas uma gota inicial, para esta situação de contingência. Há vários professores/peritos a ajudar, nomeadamente, as indicações de George Veletsianos e os conselhos sobre a pandemia atual, dados por Tony Bates.
Além das sugestões anteriores, há inúmeras técnicas, práticas e conhecimento. Tanto no YouTube como em muitas outras plataformas e sítios Web, os professores encontrarão sugestões, instruções, exemplos, indicações de uma multiplicidade de técnicas e meios.
Por exemplo, poderão usar o Twine para os alunos criarem histórias interativas online; mapas mentais partilhados para irem acompanhando o processo de extração de significado por parte dos alunos de um conjunto desorganizado de espécimes de documentação; poderão ter portefólios interligados de páginas Web e documentos partilhados para acompanhar trabalhos de equipa distribuídos e muito mais.

As ciências da educação já têm cerca de 100 anos de evolução enquanto ciência. Há construção de saber. Há uma enorme comunidade que estuda, investiga, publica resultados e tenta reproduzi-los. Pormenores como estabelecer a duração dos vídeos conforme o objetivo, a sua estrutura, a utilização deles no contexto de uma disciplina, a forma de escrever, etc.... para tudo isto há investigação. O Google Scholar ajuda e vale a pena. Como em todas as áreas científicas, de ser explorada a literatura da área para irmos ficando cada vez mais informados.

 

Adaptado de: Leonel Morgado (2020, março). Sugestões pragmáticas para passagem de contingência do ensino presencial para online. Repositório Aberto. Universidade Aberta, Lisboa, Portugal. http://hdl.handle.net/10400.2/9471, DOI: 10.34627/dgsv-ca47

1. As aulas teóricas em vídeo são eficazes?

Poucos alunos aprenderão alguma coisa se transmitirmos uma aula expositiva longa. Apesar da capacidade expositiva fenomenal e de os alunos terem de ser responsáveis, sabemos que as aulas expositivas são eficazes no enquadramento e na preparação do ponto de vista dos alunos para o estudo posterior, mas nem todos estarão o tempo todo com toda a atenção.
As aulas "teóricas" eficazes são diversificadas, enquadradoras, propiciadoras de exemplos, apoiam a autorreflexão e a organização do trabalho de estudo e promovem o debate, para dar aos alunos forma de desenvolver ligações cognitivas entre o que sabem e as interpretações que desenvolvem, e os conhecimentos e perspetivas que o docente quer que atinjam.

2. Como usar uma plataforma online para organizar o estudo e a interação dos alunos?

Em vez de gravar ou transmitir aulas teóricas, o docente deve criar um espaço online, pode ser no Moodle da escola, no Blackboard, no Canvas ou no sistema LMS que usarem. Se não tiverem nenhum, podem criar um espaço online em muitas plataformas colaborativas disponíveis ou até combinar um blogue com uma unidade partilhada na cloud, seja na portuguesa MEO Cloud, seja nas internacionais OneDrive, Google Drive, Dropbox ou outras.
Mas o professor não se pode limitar a anunciar que está disponível para tirar dúvidas. Cabe ao docente perturbar as águas do pensamento para que as dúvidas emerjam. Orientem o debate, dando objetivos concretos. Por ex., "Cada aluno deve analisar aqui um vídeo do YouTube diferente, à luz dos aspetos x, y, z da matéria"; "Partilhem aqui o resultado que vos deu quando usaram a ferramenta XPTO em..."; "Devem debater estes casos/exemplos/dilemas segundo os princípios de..."; "Como podemos combinar os princípios de Fulano com os de Sicrano, quando são contraditórios neste caso...?"; etc.

 

2. Como organizar o estudo dos alunos?  

- Devem indicar-se para cada semana quais são as páginas relevantes do livro/Manual, quais os textos, os vídeos online, a documentação técnica e a referência a outros materiais que os alunos podem usar para estudar.

- Deve indicar-se aos alunos objetivamente qual é o objetivo de estudo em cada material, referindo o que é que se pretende que atinjam em cada leitura/visualização/análise.  

Não limitar a informação a "estude estas páginas e estas". O aluno irá lê-las sem saber se o objetivo é decorar factos ou extrair alguma reflexão. Deve explicar-se que o objetivo é os alunos verem se conseguem chegar às resoluções ou soluções através do estudo.  

Nisto devem incluir-se algumas atividades formativas. Exercícios tradicionais simples, com soluções, problemas para analisar com resolução.

 

3. Como fazer o acompanhamento dos alunos para evitar situações de isolamento?

Devem ser definidas atividades de debate e reflexão sobre a matéria entre toda a turma e não apenas "Espaços de dúvidas".

Mesmo com indicações, os alunos podem sentir-se desmotivados a estudar ou não estar realmente a sentir que avançam no estudo. Os alunos que realmente precisam da intervenção do docente provavelmente não apresentam dúvidas. Mas por vezes não é possível atuar um-para-um com turmas maiores. Por isso, é preciso que os próprios alunos entrem em debate entre eles - ou com o professor, mas em grupo, como numa aula.

Não basta disponibilizar conteúdos e atividades e aguardar as dúvidas, pois isso só apoiará a pequena fatia de alunos muito dedicados. E mesmo esses não estão a ter o apoio devido, porque com mais presença do professor chegariam mais longe.

Lembre-se de garantir a sua presença na disciplina online.

Com acesso a um Moodle ou outra plataforma LMS, podem criar-se fóruns para cada tópico. Nesse fórum, podem indicar-se quais os aspetos-chave que requerem debate e não apenas conteúdos que sejam lineares da leitura. Devem colocar-se, por exemplo, casos reais interessantes para análise, dilemas teóricos, exercícios, problemas ou casos que não sejam de resolução simples, que levem muitos alunos a pedir ajuda aos colegas e ao docente.

 

4. Que cuidados devemos ter na utilização de vídeos produzidos pelo próprio professor?

Se o professor decidir pela utilização de vídeo próprio, este deve ser curto e enquadrador/motivador, não expositivo.

 Os alunos gostam de vídeos. É uma forma de linguagem comunicacional que lhes agrada, desde que sejam bem feitos. E quando a linguagem agrada, isso contribui para a motivação. A investigação empírica diz-nos que os vídeos têm taxas de visualização muito diferenciadas, entre quem os vê na íntegra e quem só vê alguns minutos.  

Por isso, os vídeos mais eficazes são para efeitos muito específicos e devem:

  • De vez em quando, mostrar o rosto ou usar a voz do professor, para os alunos sentirem a presença do seu professor.
  • Fazer vídeos curtos (3-5 minutos, no máximo 6 ou 7) para dar a perspetiva sobre a matéria que vai ser estudada, para orientar o estudo, para motivar.  
  • Indicar vídeos que já estejam na Net, e aos quais reconheçam qualidade, como forma de encaminhar os alunos para materiais bons, em vez de os deixar à deriva no meio de um mar de desinformação.

 

5. Que fazer ao verificar que há alunos que não estão a participar regularmente?

Se os alunos não estiverem a participar, o professor deverá ir ao fórum ou local de debate e intervir, colocando algum incentivo. Pode ser só encorajamento e disponibilidade, de início, mas pode também ser um exemplo do que se pretende ou uma partilha de novidade interessante

6. Como garantir a intervenção regular?  

O Professor deve falar com os alunos e não para os alunos, pois na

continuidade da intervenção regular, deve referir-se que não basta perguntar "Então, ninguém tem dúvidas?".  Os alunos têm de sentir que vale a pena intervir, que ganham com isso no que aprendem e no que o professor os esclarece.  

Ao incentivar, devemos mostrar exemplos do que pode ser um problema ou dúvida que aparece ao estudar e que faria perder muito tempo, mas em minutos pode ser resolvida pelos colegas ou pelo professor se for exposta.

Ao responder aos alunos, não se deve tentar responder a cada um, devem agrupar-se várias respostas que tenham algo em comum e façam uma resposta global, como se numa aula presencial tivessem falado vários alunos e depois o docente interviesse para consolidar o debate.

7. Deve recorrer-se aos momentos síncronos?

Os alunos não estão de férias e, por isso, com possibilidade de agendar sessões síncronas e estar efetivamente presentes nas mesmas, sejam por videoconferência sejam por chat.

Lembre-se que estes momentos deverão ser utilizados para encorajamento e apoio humano: não para matéria

8. Como usar um espaço comunitário para evitar sentimentos de isolamento?

Hoje em dia os alunos não estão em frente de um computador a toda a hora, mas estão com muita frequência com telemóveis. Por isso, ter um espaço de chat com notificações móveis é uma solução boa para quebrar sentimentos de isolamento. Pode usar-se, por exemplo, o WhatsApp, que que permite aos alunos ter o conforto de saberem que o que escrevem é imediatamente recebido pela turma. Pode complementar-se isto com espaços de publicação e partilha de documentos ou outros materiais, como um wiki, um fórum do Moodle, uma pasta partilhada na cloud, ou até um mundo virtual 3D, conforme a disponibilidade, ambição e perspetiva.

9. Como equilibrar a dinâmica de trabalho com o aluno e a turma?

Tirar dúvidas ao vivo só para aspetos pessoais ou urgentes, não como atalho.

Se um aluno sentir que basta colocar uma pergunta no WhatsApp, Skype, Zoom, etc. para ter resposta, passará a usar sempre esse canal. Só que há mais alunos além desse! Se a dúvida não tiver dimensões pessoais ou outras que recomendem a privacidade, o mais correto é o compromisso de presteza ocorrer nesse momento síncrono, mas ser feito no espaço online partilhado, em benefício de todos. Por ex.: "Coloque essa dúvida no fórum deste tema, que eu comprometo-me a responder-lhe na próxima meia hora - na próxima hora - até ao fim do dia".

Desta maneira, o aluno tem o conforto de saber que tem resposta eficaz e garantida, que o professor está presente, mas a dúvida é exposta a todos, gerando dinâmica na disciplina e incentivando outros alunos a exporem também as suas dúvidas.  

Se o caso em apreço recomendar uma resolução imediata da dúvida, então que se resolva de imediato. Nesses casos, deve-se colocar ao aluno o compromisso de partilha com a turma. É importante que seja o aluno a fazer essa partilha, se possível, por ser um contributo para uma dinâmica entre pares (alunos) não apenas uma dinâmica magistral do professor.

10. Onde posso obter mais informação sobre o ensino online e inovar

Existe uma imensidade de trabalhos sobre como ensinar online. Estas sugestões são apenas uma gota inicial, para esta situação de contingência. Há vários professores/peritos a ajudar, nomeadamente, as dicas do George Veletsianos e mais conselhos para a pandemia atual, dados pelo Tony Bates.

Além das sugestões, há inúmeras técnicas, práticas e conhecimento. Tanto no YouTube como em muitas outras plataformas e sítios Web, encontrarão sugestões, instruções, exemplos, indicações, de uma multiplicidade de técnicas e meios.

Por exemplo, podem usar o Twine para os alunos criarem histórias interativas online; mapas mentais partilhados para irem acompanhando o processo de extração de significado por parte dos alunos de um conjunto desorganizado de espécimes de documentação; ter portfólios interligados de páginas Web e documentos partilhados para acompanhar trabalhos de equipa distribuídos e muito mais.

As ciências da educação já têm cerca de 100 anos de evolução enquanto ciência. Há construção de saber. Há uma enorme comunidade que estuda, investiga, publica resultados e tenta reproduzi-los. Pormenores como estabelecer a duração dos vídeos conforme o objetivo, a sua estrutura, a utilização deles no contexto de uma disciplina, a forma de escrever, etc.... para tudo isto há investigação. O Google Scholar ajuda e vale a pena, como em todas as áreas científicas, explorar a literatura da área para irmos ficando cada vez mais informados.